O post de hoje é uma homenagem à
Irmã Lucimar, minha ex aluna de psicopedagogia e atual diretora de uma escola,
em Cuiabá. Ontem, logo cedo, a seu convite, realizei mais um assessoria
psicopedagógica. Foi a primeira assessoria após a criação deste blog. Que
satisfação!
Desde que comecei a atuar com
assessoria escolar, na área pedagógica ou psicopedagógica, sempre tive em mente
uma preocupação que considero grande aliada para alcançar bons resultados:
procuro me imaginar no lugar do professor, lembrar das vezes em que estava
sentada nas reuniões pedagógicas ouvindo alguns palestrantes.
Não foram poucas as vezes em que
me senti constrangida ouvindo algumas pessoas. Digo constrangida, pelo fato de
sentir enorme distanciamento entre o que a pessoa estava falando e o que eu
vivia na prática com meus alunos e depois com meus pacientes.
Hoje, quando vejo a situação
invertida, eu lá na frente falando e os professores me ouvindo, sinto-me no
dever de não constranger as pessoas que me ouvem, ou melhor, sinto uma vontade
enorme de adaptar-me o tempo todo para dizer aquilo que realmente as pessoas
estão ali precisando ouvir e aprender.
Vejo que na nossa formação
acadêmica e depois em outros cursos também, não recebemos formação adequada
para lidar com as diferentes necessidades daqueles que nos ouvem. Trata-se de
diferentes assuntos, temas atuais, para o público em geral, como se todos
estivessem ouvindo e assimilando da mesma forma. Hum, isso me inquieta
verdadeiramente.
Uma pessoa não pensa como a outra,
ninguém é igual ao outro. As aprendizagens se dão das formas mais variadas
possíveis e cabe ao profissional palestrante ou professor captar o pensamento
daqueles que o ouvem, de acordo com a participação de cada um. Ouvir, trocar
ideias, abrir espaço e nos permitir o exercício de conduzir nossas falas de
acordo com o que as pessoas estão entendendo é fundamental. Quando nos
colocamos na posição de “caminhar com o grupo” somos flexíveis, abertos a
conduzir os assuntos de acordo com a necessidade do momento.
Bom, por que escrever sobre isso?
Onde pretendo chegar? O que estou querendo transmitir?
Vejam só, ao longo das minhas
experiências profissionais algumas frases e pensamentos acabo repetindo várias
vezes, com intuito, porque transmitem a minha essência profissional. Uma das
coisas que sempre destaco é que não existe problema ou dificuldade de
aprendizagem, o que ocorre são diferentes aprendizagens e nós, profissionais,
somos ainda muito pouco habilitados para trabalhar essas diferenças. Não
aprendemos sobre isso, não nos formarmos de uma maneira que nos facilite
compreender e visualizar as diferenças nos processos de aprendizagem de nossos
alunos. A psicopedagogia, teoricamente falando, ajuda muito na busca dessa
prática, pois ela se preocupa o tempo todo em identificar as diferentes
modalidades de aprendizagem. Gosto muito dessa corrente teórica
psicopedagógica.
Porém, ainda estamos mais
habituados a olhar o todo, gerenciar o encaminhamento geral do grupo, fazendo
com que todos caminhem juntos. Não foi isso que aprendemos? Ser bom professor
na minha época de pedagogia e ainda hoje, significa conduzir o todo, gerenciar
a caminhada homogênea dos alunos. É uma conduta que vem, aos poucos, perdendo
espaço, pois cada vez mais temos estudos mostrando a importância de entender as
singularidades de cada aluno.
Cheguei no ponto crucial da
questão: nossa preocupação, muitas vezes, até inconsciente, é de manter uma
caminhada niveladamente similar para todos.
Nos cursos de pós graduação, nas
palestras ou assessorias, sempre surge a pergunta: COMO? Como fazer melhor?
Como conseguir melhores resultados? Como envolver os alunos no interesse pelos
estudos (algo tão ausente nos alunos de hoje)? Como atuar com o aluno
diferente? Como isso, como aquilo???!!!
Ontem pela manhã, em mais uma
dessas assessorias me defrontei com este tipo de questionamento. Um dos
professores que participou o tempo todo muito ativamente, me fez no final da
nossa manhã de trabalho um questionamento a respeito do enorme desinteresse dos
alunos em relação às provas e estudos em geral.
Trago este tema para o blog
porque coincidentemente encontrei na Revista Nova Escola uma reportagem que retrata
nas suas entrelinhas a preocupação que busco trabalhar neste artigo: a formação
do professor com bases para lidar com as diferenças.
Muito cautelosamente (eu tinha
pouquíssimo tempo para responder ao professor) tentei responder que precisamos
nos colocar no lugar do aluno supostamente desinteressado. Fiz algumas
colocações no sentido de lembrar ao grupo que os alunos trazem para a sala de
aula questionamentos, dúvidas e anseios que representam a sociedade.
Temos uma sociedade totalmente
diversificada. O que é correto para uma família, não é para a outra, o que é
objetivo de vida para alguns pais, não é para outros. A internet, o acesso aos
diversos meios virtuais, é totalmente familiar para alguns alunos, mas não para
todos. Se a sociedade tem essa diversidade, como que os alunos não levarão isso
para a sala de aula? Muitas famílias não incentivam seus filhos em relação aos
estudos, tanto quanto poderiam fazer. Isso reflete na nossa dinâmica
pedagógica.
Aos professores não cabe a
angústia de convencer a todos sobre a importância dos estudos. Alguns nós
convenceremos e ajudaremos, mas nem todos. Precisamos aprender a lidar com as
posturas dos alunos menos interessados. Algumas atitudes bem simples de nossa
parte podem reverter algumas situações.
Exemplo: alguns alunos podem
achar que não precisam estudar porque sonham que vão conseguir sucesso, como
alguns conseguiram, sem precisar passar por árduos estudos universitários, como
é o caso de Steve Jobs, o ex Presidente Lula, o atual Deputado Federal Tiririca,
apresentadores, cantores, e por aí vai.
Bom, nas situações em que notamos
necessidade de alguma intervenção mais séria, podemos tratar os casos
individualmente, tentar conversar com os alunos sobre o que se passa em suas
mentes e dialogar a respeito da minoria que alcança o sucesso sem os estudos.
Muitas vezes achamos que é difícil mudar algumas situações, mas em diversos
casos conseguimos reverter as dificuldades com atitudes que não são muito
complexas.
Na entrevista da Revista Nova
Escola (janeiro/fevereiro de 2012) com Lee Sing Kong, Diretor do Instituto Nacional
de Educação, ele ressalta que em Cingapura houve superação dos desafios
escolares quando passaram a investir na formação do professor. Eis a chave do
segredo, não é mesmo? Sabemos disso. Mas, o que me chamou MUITA atenção na
entrevista foi a seguinte frase de Lee: “Formamos
uma geração de profissionais que acredita que toda criança pode aprender. Tudo
depende de uma abordagem correta. Eles se tornam aptos a compreender os
diferentes perfis de aprendizado dos alunos para, assim, adotar a ferramenta
mais apropriada”.
Nossa, que sonho imaginar o dia
em que no Brasil teremos a formação de profissionais para compreender os
diferentes perfis de aprendizado. É um desafio e tanto, com certeza. No
entanto, o que precisamos, urgentemente, é convencer à nós mesmos sobre a
importância de trabalhar com as diversas formas de aprendizagens.
Independente de pensarmos nas
diferenças sociais, políticas ou econômicas entre Brasil e Cingapura, podemos
olhar para o bom exemplo de lá, isso sim. Tentar assimilar aquilo que nos pode
ser tão útil, como é o caso da formaçã de professores.
Se você quer continuar este
assunto, trocar ideias e contribuir, deixe seu comentário registrado ou
mande-me um e-mail: romlpimentel@gmail.com.
Será um prazer. Até breve.
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