sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Contribuição aos professores com homenagem para a Irmã Lucimar




O post de hoje é uma homenagem à Irmã Lucimar, minha ex aluna de psicopedagogia e atual diretora de uma escola, em Cuiabá. Ontem, logo cedo, a seu convite, realizei mais um assessoria psicopedagógica. Foi a primeira assessoria após a criação deste blog. Que satisfação!

Desde que comecei a atuar com assessoria escolar, na área pedagógica ou psicopedagógica, sempre tive em mente uma preocupação que considero grande aliada para alcançar bons resultados: procuro me imaginar no lugar do professor, lembrar das vezes em que estava sentada nas reuniões pedagógicas ouvindo alguns palestrantes.

Não foram poucas as vezes em que me senti constrangida ouvindo algumas pessoas. Digo constrangida, pelo fato de sentir enorme distanciamento entre o que a pessoa estava falando e o que eu vivia na prática com meus alunos e depois com meus pacientes.

Hoje, quando vejo a situação invertida, eu lá na frente falando e os professores me ouvindo, sinto-me no dever de não constranger as pessoas que me ouvem, ou melhor, sinto uma vontade enorme de adaptar-me o tempo todo para dizer aquilo que realmente as pessoas estão ali precisando ouvir e aprender.
Vejo que na nossa formação acadêmica e depois em outros cursos também, não recebemos formação adequada para lidar com as diferentes necessidades daqueles que nos ouvem. Trata-se de diferentes assuntos, temas atuais, para o público em geral, como se todos estivessem ouvindo e assimilando da mesma forma. Hum, isso me inquieta verdadeiramente.

Uma pessoa não pensa como a outra, ninguém é igual ao outro. As aprendizagens se dão das formas mais variadas possíveis e cabe ao profissional palestrante ou professor captar o pensamento daqueles que o ouvem, de acordo com a participação de cada um. Ouvir, trocar ideias, abrir espaço e nos permitir o exercício de conduzir nossas falas de acordo com o que as pessoas estão entendendo é fundamental. Quando nos colocamos na posição de “caminhar com o grupo” somos flexíveis, abertos a conduzir os assuntos de acordo com a necessidade do momento.

Bom, por que escrever sobre isso? Onde pretendo chegar? O que estou querendo transmitir?

Vejam só, ao longo das minhas experiências profissionais algumas frases e pensamentos acabo repetindo várias vezes, com intuito, porque transmitem a minha essência profissional. Uma das coisas que sempre destaco é que não existe problema ou dificuldade de aprendizagem, o que ocorre são diferentes aprendizagens e nós, profissionais, somos ainda muito pouco habilitados para trabalhar essas diferenças. Não aprendemos sobre isso, não nos formarmos de uma maneira que nos facilite compreender e visualizar as diferenças nos processos de aprendizagem de nossos alunos. A psicopedagogia, teoricamente falando, ajuda muito na busca dessa prática, pois ela se preocupa o tempo todo em identificar as diferentes modalidades de aprendizagem. Gosto muito dessa corrente teórica psicopedagógica.

Porém, ainda estamos mais habituados a olhar o todo, gerenciar o encaminhamento geral do grupo, fazendo com que todos caminhem juntos. Não foi isso que aprendemos? Ser bom professor na minha época de pedagogia e ainda hoje, significa conduzir o todo, gerenciar a caminhada homogênea dos alunos. É uma conduta que vem, aos poucos, perdendo espaço, pois cada vez mais temos estudos mostrando a importância de entender as singularidades de cada aluno.

Cheguei no ponto crucial da questão: nossa preocupação, muitas vezes, até inconsciente, é de manter uma caminhada niveladamente similar para todos.

Nos cursos de pós graduação, nas palestras ou assessorias, sempre surge a pergunta: COMO? Como fazer melhor? Como conseguir melhores resultados? Como envolver os alunos no interesse pelos estudos (algo tão ausente nos alunos de hoje)? Como atuar com o aluno diferente? Como isso, como aquilo???!!!

Ontem pela manhã, em mais uma dessas assessorias me defrontei com este tipo de questionamento. Um dos professores que participou o tempo todo muito ativamente, me fez no final da nossa manhã de trabalho um questionamento a respeito do enorme desinteresse dos alunos em relação às provas e estudos em geral.
Trago este tema para o blog porque coincidentemente encontrei na Revista Nova Escola uma reportagem que retrata nas suas entrelinhas a preocupação que busco trabalhar neste artigo: a formação do professor com bases para lidar com as diferenças.

Muito cautelosamente (eu tinha pouquíssimo tempo para responder ao professor) tentei responder que precisamos nos colocar no lugar do aluno supostamente desinteressado. Fiz algumas colocações no sentido de lembrar ao grupo que os alunos trazem para a sala de aula questionamentos, dúvidas e anseios que representam a sociedade.

Temos uma sociedade totalmente diversificada. O que é correto para uma família, não é para a outra, o que é objetivo de vida para alguns pais, não é para outros. A internet, o acesso aos diversos meios virtuais, é totalmente familiar para alguns alunos, mas não para todos. Se a sociedade tem essa diversidade, como que os alunos não levarão isso para a sala de aula? Muitas famílias não incentivam seus filhos em relação aos estudos, tanto quanto poderiam fazer. Isso reflete na nossa dinâmica pedagógica.

Aos professores não cabe a angústia de convencer a todos sobre a importância dos estudos. Alguns nós convenceremos e ajudaremos, mas nem todos. Precisamos aprender a lidar com as posturas dos alunos menos interessados. Algumas atitudes bem simples de nossa parte podem reverter algumas situações.

Exemplo: alguns alunos podem achar que não precisam estudar porque sonham que vão conseguir sucesso, como alguns conseguiram, sem precisar passar por árduos estudos universitários, como é o caso de Steve Jobs, o ex Presidente Lula, o atual Deputado Federal Tiririca, apresentadores, cantores,  e por aí vai.

Bom, nas situações em que notamos necessidade de alguma intervenção mais séria, podemos tratar os casos individualmente, tentar conversar com os alunos sobre o que se passa em suas mentes e dialogar a respeito da minoria que alcança o sucesso sem os estudos. Muitas vezes achamos que é difícil mudar algumas situações, mas em diversos casos conseguimos reverter as dificuldades com atitudes que não são muito complexas.

Na entrevista da Revista Nova Escola (janeiro/fevereiro de 2012) com Lee Sing Kong, Diretor do Instituto Nacional de Educação, ele ressalta que em Cingapura houve superação dos desafios escolares quando passaram a investir na formação do professor. Eis a chave do segredo, não é mesmo? Sabemos disso. Mas, o que me chamou MUITA atenção na entrevista foi a seguinte frase de Lee: “Formamos uma geração de profissionais que acredita que toda criança pode aprender. Tudo depende de uma abordagem correta. Eles se tornam aptos a compreender os diferentes perfis de aprendizado dos alunos para, assim, adotar a ferramenta mais apropriada”.

Nossa, que sonho imaginar o dia em que no Brasil teremos a formação de profissionais para compreender os diferentes perfis de aprendizado. É um desafio e tanto, com certeza. No entanto, o que precisamos, urgentemente, é convencer à nós mesmos sobre a importância de trabalhar com as diversas formas de aprendizagens.

Independente de pensarmos nas diferenças sociais, políticas ou econômicas entre Brasil e Cingapura, podemos olhar para o bom exemplo de lá, isso sim. Tentar assimilar aquilo que nos pode ser tão útil, como é o caso da formaçã de professores.

Se você quer continuar este assunto, trocar ideias e contribuir, deixe seu comentário registrado ou mande-me um e-mail: romlpimentel@gmail.com. Será um prazer. Até breve.

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